domingo, 25 de novembro de 2007

Professor Doutor Aristides de Amorim Girão


A edição, a publicação, o seu conteúdo e o homenageado Professor Doutor Aristides de Amorim Girão.

A Edição

A edição desta publicação foi feita pelo Instituto de Estudos Geográficos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e com o apoio da Câmara Municipal de Vouzela, e tem trinta e duas páginas, tendo sido impressa na Imprensa de Coimbra, Lda e o seu depósito legal é do ano de 2000.

A publicação

A publicação tem o discurso do professor J.M.Pereira de Oliveira, datado de 14 de maio de 2000, discurso de homenagem ao Professor Amorim Girão realizado na sequência do seu falecimento.


O homenageado : Professor Amorim Girão

Desse discurso e com a devida vénia permitimo-nos citar uns breves extractos que pretendem caracterizar o homenageado:

“(...) Nascido e criado em horizontes que tanto se finavam nas alturas das serras envolventes como se espraiavam nos remansos remodelados dos vales do Vouga e seus afluentes, cedo se apaixonou pelas suas paisagens e ardeu nele o fogo da curiosidade de conhecer outras e, sobretudo, a ânsia de saber como elas se formaram.
Foi assim que, enquanto as forças lho permitiram, calcorreou outros vales e trepou a outras serras. Mais tarde as circunstâncias fize­ram-no ir mais longe, isto é, mais fundo na preocupação teorética do que observara e registara nas suas andanças de geógrafo.
Em dois ou três dos seus cadernos de trabalho de campo que ainda existem guardados, pode ver-se como era evidente a sua curiosi­dade. Por eles podemos realmente aperceber-nos do sentido que tinha da complexidade dos factores intervenientes, dos traços mais marcan­tes, enfim, das estruturas de todas e de cada uma das paisagens que estudava.
Estudante de Ciências Históricas e Geográficas, nas quais veio a licenciar-se, também cedo se apercebeu que essas paisagens na sua variação tinham duas dimensões fundamentais, isto é, uma, física, que mais ou menos espectacularmente, era a estrutura básica do conjunto; outra humana, que na sua variedade era o retoque de marca do homem no seu longo percurso histórico.


O jovem assistente, absorveu e cultivou o seu espírito neste entendimento basilar e, naturalmente, a sua bibliografia indicia essa preocupação. Mas, mesmo assim, da sua leitura decorre a sensação de que o seu crescente interesse científico privilegiava as temáticas que permitiam conhecer exactamente os efeitos das acções humanas sobre os traços básicos dos quadros físicos dos territórios.
Este sentido marcou-lhe o pendor tomado e fez do ainda jovem Professor, um "geógrafo humano",
Alguns dos Mestres da escola francesa de Geografia do seu tempo, influenciaram-no claramente (…) .Também é possível reconhecer nos apontamentos escritos e desenhados nos seus cadernos de campo esse pendor. Ali se encon­tram notas que tanto implicam o modelado físico dos espaços obser­vados - simples esboços desenhados e sempre com um cunho mera­mente indicativo e raramente explicativo - como as impressões dos padrões resultantes das actividades humanas, estas sim, por vezes levadas a pormenores insuspeitáveis. Como exemplo curioso, numa das folhas pode ver-se o registo da diferença da altura das saias das mulheres em relação ao tipo de tarefas que executavam nos campos e às alfaias que para esse efeito utilizavam; ou as diferenças nos hábitos alimentares na sua relação com os produtos mais comuns das suas áreas, comparados com as formas introduzidas, a corroborar relações verdadeiramente ancestrais ou formas de aculturação no domínio de práticas e técnicas, etc.
Tudo isto mais tarde veio a espelhar-se - embora com criterioso tratamento e escolha - naquela que por ventura terá sido a sua mais significativa obra publicada as "Lições de Geografia Humana", na sua primeira versão, saída em fascículos.
O Doutor A. de Amorim Girão foi no verdadeiro sentido da palavra um Professor. Para ele, o seu título académico de Doutor em Geografia e a sua categoria docente de Professor Catedrático, eram sobretudo um certificado de responsabilidade de pedagogo e de inves­tigador que sobre os seus frágeis ombros recaía. (…)”

J.M.Pereira de Oliveira

sábado, 24 de novembro de 2007

Antiguidades Pre-Históricas de Lafões



A edição, o livro e o seu conteúdo. Breve referência ao autor.

A edição de Antiguidades Pre-Históricas de Lafões, com o subtítulo Contribuição para o Estudo da Arqueologia de Portugal, de Aristides de Amorim Girão, de cuja capa temos uma imagem ao lado, é uma reimpressão fac-similada, nas oficinas da Imprensa de Coimbra, Lda, promovida pelo Instituto de Estudos Geográficos da faculdade de letras da Universidade de Coimbra, e pela Vila de Vouzela, da edição de 1921 da Imprensa da Universidade, Coimbra.

O livro é constituído por um prólogo com nove páginas assinado pelo autor, e dedicado à memória de sua irmã Adélia.

Não existindo um índice, e a forma de classificação por capítulos não sendo uniforme, com uma análise mais cuidada quem abre atentamente o livre poderá verificar que ele tem:

- o Capítulo I , sob o título "O que é e o que foi a Região de Lafões", pp. 1 a 15;

- e um Capítulo II , sob o título "Antiguidades Pre-Históricas de Lafões", pp. 16 a 32.

Depois encontram-se vários estudos numerados, com título e subtítulos extensos, descritivos do seu conteúdo, que refiro abaixo:

- I - Monumentos pré-históricos da região central. - (...) ;
pp. 33 a 37;

- II - Antiguidades pré-Históricas da serra das Talhadas. - (...) ;
pp. 38 a 43;

- III - Monumentos megalíticos da serra do Caramulo. - (...) ;
pp. 44 a 55;

- IV - Antiguidades da zona oriental da região lafonense. - (...);
pp. 56 a 62;

- V - Vestígios pré-históricos do maciço montanhoso da Gralheira. - (...);
pp. 63 a 68.

 
Este livro é um estudo científico, mas de leitura acessível, bem documentado, e com diversos mapas, plantas, fotografias e desenhos de locais e objectos.

sábado, 3 de novembro de 2007

Textos em Aljamia Portuguesa

A edição, os Textos e a Aljamia.

A edição de Textos em Aljamia Portuguesa, com o subtítulo Documentos para a Historia do Dominio Português em Safim, de David Lopes, de cuja capa temos uma imagem ao lado, foi a primeira e é datada de 1897.

Este exemplar chegou á minha posse num leilão de livros que se realizou em Maio de 1982 em Lisboa, organizado por José Manuel Rodrigues, Antiga Livraria Arnaldo Henriques Oliveira (Largo do Calhariz, 14, Lisboa).

Os Textos incluem oito documentos em aljamia de diversos autores "mas versando todos sobre assumptos marroquinos, e de Marrocos escriptos por mouros ao nosso serviço; e nenhum d'elles é datado." (cf.David Lopes).

A Aljamia : [os árabes hispânicos] " (...) A toda a lingua estranha chamaram pois الهجم alajamia , donde aljamia, em contraposição à الھربیۃ [alarabia] lingua arábica;" (cf.David Lopes).

Nota: nesta citação de David Lopes, o texto entre parênteses rectos é nosso ( Zé).

Nos Textos o que encontramos é uma forma, embora não a única, do que veio a ser designado por aljamia, a escrita com caracteres árabes de outras línguas, neste caso o português.

Assim sabendo a correspondência de cada carácter árabe ao carácter do alfabeto português (se quisermos ao do abecedário), ou melhor ainda ao fonema que representa e sabendo que a leitura se faz da direita para a esquerda, então primeiro lentamente, mas depois com um pouco mais de facilidade, começa-se a conseguir ler aqueles textos efectivamente escritos em português com caracteres árabes. Claro que o texto em caracteres portugueses, que David Lopes nos apresenta em paralelo, nos facilita a compreensão e esclarece as dúvidas.

Mas é natural que o processo não seja linear nem mecânico, atendendo à diferença das línguas e à distância dos séculos que tanto muda. No entanto a preocupação do mestre não foi só publicar o resultado mas também mostrar como se chegar lá.

Assim, no Prefácio e ao longo de cerca de trinta páginas para além de uma introdução e enquadramento histórico do tema, o autor apresenta vários quadros de correspondência para o português dos caracteres árabes, e entre o alfabeto latino e árabe, assim como discute detalhadamente diversos casos particulares que se colocaram naquelas transcrições, e entre a erudição e o bom senso, propõe em cada caso aquelas que lhe parecem ser as melhores opções.


Vocabulário Português de Origem Árabe

Nas palavras do seu autor "Vocabulário Português de Origem Árabe não é O Vocabulário Português de Origem Árabe".

Numa breve introdução procurou fixar os limites do seu âmbito.

Refere: a influência árabe no vocabulário usado no espaço constitutivo da Nação Portuguesa; nomes comuns e onomásticos que permanecem na linguagem quotidiana e topónimos, sendo alguns bem conhecidos. Todos com origem directa do árabe com exclusão, que pretende quase total, dos recebidos por via indirecta e influência de outras línguas.

Na mesma introdução encontramos uma transcrição do alfabeto árabe.

Trabalho de um erudito mas de consulta acessível, texto de referência.


Na imagem: capa da edição para o Círculo de Leitores, 1997

Para princípio...

Percorrendo as prateleiras da estante procurei um livro, um assunto, um autor ou um critério para trazer até aqui.

Decidi-me primeiro pelo autor que talvez tenha citado mais no espaço dos blogs que tenho ocupado: José Pedro Machado filólogo e arabista português, e escolhi o seu "Vocabulário Português de Origem Árabe".

Depois encontrei outro que lhe foi anterior no tempo, David Lopes, historiador e também arabista; grande impulsionador dos estudos árabes em Portugal e da relação entre os portugueses e os muçulmanos em diferentes períodos da sua história, nomeadamente durante a presença dos portugueses no norte de África, e o livro é "Textos em Aljamia Portuguesa", uma edição da Imprensa Nacional datada de 1897.

De outra área do meu interesse, a região de Lafões, trago entre livros e publicações três títulos:

- Antiguidades Pre-Históricas de Lafões, de Aristides de Amorim Girão;

- Professor Doutor Aristides de Amorim Girão (O Homem e a Obra), de J.M.Pereira de Oliveira, geógrafo - professor universitário;

- A Região de Lafões (Subsídios para a sua História), de Manuel Barros Mouro, natural de Lafões, um estudioso e um amigo dos seus amigos.


Relativamente a estes títulos, vou colocar a partir de hoje imagens , separadas neste blog, das capas das suas edições, abstendo-me agora de outras referências que poderei colocar posteriormente. Entretanto quaisquer dúvidas ou comentários de eventuais visitantes serão bem-vindos.



sábado, 27 de outubro de 2007

Que fazer com estes livros?

Não se pode dizer que eu seja um amigo dos livros.

Pelo menos no conceito em que certas pessoas têm os amigos. Por exemplo não lhes posso telefonar, nem confidenciar os meus problemas existenciais ou financeiros. Posso levá-los para ir tomar café , mas já não é muito conveniente ficar à mesa à conversa com eles.

Também não se pode dizer que gosto deles. Não lhes dou beijos nem abraços, nem lhes faço festinhas ou dou "passou bens".

No entanto desde que comecei a aprender a ler, no sentido de ler histórias, que me comecei a apegar a eles, e mesmo debaixo de limitações do orçamento disponível para os comprar, desde miúdo, todos os que pude comprar, ou que me ofereciam, lia e guardava.

Talvez pela conjugação de orçamentos limitados e critérios de compra restritos ao interesse e disponibilidade para uma leitura efectiva, critério este hoje um pouco comprometido e em risco de não cumprimento, os números de livros que fui adquirindo e colocando na(s) estante(s) cresceu apenas moderadamente, e assim não me posso gabar de possuir os milhares de livros que algumas pessoas com muito mérito justamente se podem orgulhar, e por enquanto, ainda nem cheguei ao primeiro milhar, não sendo isso nem critério nem objectivo, antes mais uma preocupação e uma quase impossibilidade em termos logísticos.

Assim estou eu neste momento em fase de revisão do que tenho que fazer para de forma selectiva, me desfazer (a muito custo) de alguns livros para assim recuperar o espaço que me permita acomodar novos. Sim, porque embora esteja a fazer um esforço para entrar no novo mundo digital, ainda não perdi a ligação ao velho do papel, das encadernações, melhores ou piores, do pó e da humidade, para não falar de outros inconvenientes cujo adequado tratamento exige cuidados.

Entretanto, espero poder utilizar este espaço para partilhar ou divulgar referências de alguns desses livros que por aqui estão com os potenciais visitantes deste blog deixando-lhes as devidas referências para eventuais consultas caso algum lhes interesse particularmente.

Bom domingo.

Tó Zé