sábado, 3 de novembro de 2007

Textos em Aljamia Portuguesa

A edição, os Textos e a Aljamia.

A edição de Textos em Aljamia Portuguesa, com o subtítulo Documentos para a Historia do Dominio Português em Safim, de David Lopes, de cuja capa temos uma imagem ao lado, foi a primeira e é datada de 1897.

Este exemplar chegou á minha posse num leilão de livros que se realizou em Maio de 1982 em Lisboa, organizado por José Manuel Rodrigues, Antiga Livraria Arnaldo Henriques Oliveira (Largo do Calhariz, 14, Lisboa).

Os Textos incluem oito documentos em aljamia de diversos autores "mas versando todos sobre assumptos marroquinos, e de Marrocos escriptos por mouros ao nosso serviço; e nenhum d'elles é datado." (cf.David Lopes).

A Aljamia : [os árabes hispânicos] " (...) A toda a lingua estranha chamaram pois الهجم alajamia , donde aljamia, em contraposição à الھربیۃ [alarabia] lingua arábica;" (cf.David Lopes).

Nota: nesta citação de David Lopes, o texto entre parênteses rectos é nosso ( Zé).

Nos Textos o que encontramos é uma forma, embora não a única, do que veio a ser designado por aljamia, a escrita com caracteres árabes de outras línguas, neste caso o português.

Assim sabendo a correspondência de cada carácter árabe ao carácter do alfabeto português (se quisermos ao do abecedário), ou melhor ainda ao fonema que representa e sabendo que a leitura se faz da direita para a esquerda, então primeiro lentamente, mas depois com um pouco mais de facilidade, começa-se a conseguir ler aqueles textos efectivamente escritos em português com caracteres árabes. Claro que o texto em caracteres portugueses, que David Lopes nos apresenta em paralelo, nos facilita a compreensão e esclarece as dúvidas.

Mas é natural que o processo não seja linear nem mecânico, atendendo à diferença das línguas e à distância dos séculos que tanto muda. No entanto a preocupação do mestre não foi só publicar o resultado mas também mostrar como se chegar lá.

Assim, no Prefácio e ao longo de cerca de trinta páginas para além de uma introdução e enquadramento histórico do tema, o autor apresenta vários quadros de correspondência para o português dos caracteres árabes, e entre o alfabeto latino e árabe, assim como discute detalhadamente diversos casos particulares que se colocaram naquelas transcrições, e entre a erudição e o bom senso, propõe em cada caso aquelas que lhe parecem ser as melhores opções.


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